[Kde-i18n-pt_br] Situacao da traducao e propostas para o KDE
Mauricio Piacentini
piacentini em kde.org
Sábado Janeiro 12 23:40:15 CET 2008
Og Maciel wrote:
> Um simples "nao estou interessado" ou "nao concordo" teria sido mais
> que suficiente.
Olá. Eu acho que realmente toda ajuda é bem-vinda. Mas concordo com o
ponto central das idéias do Hélio 100%: um dos pilares do projeto KDE é
justamente essa política de descentralização e eliminação do
"middle-man", o gerente de módulo como ponto central e obrigatório de
filtragem. Existe uma confiança implícita que se traduz em estímulo ao
acesso direto do SVN. Se isso funciona bem (e muito bem) para os módulos
de desenvolvimento e para a absoluta maioria das equipes de tradução,
deve funcionar também para o pt_BR.
Sendo mais claro, não li um FUD na mensagem do Hélio. Li sim a tentativa
de ser bem explícito, sem meias palavras. Og, sua mensagem anterior,
embora bem intencionada, também me pareceu deselegante. Deselegante com
o trabalho de quem vem fazendo a tradução, e com os outros
colaboradores. Releia calmamente o que você escreveu, e talvez você veja
que existe essa leitura, pelo menos possível. Algo como "a qualidade
está abaixo do desejado, precisa mudar, precisa de chefes, eu sei como
fazer, e vou dizer como tem que ser." Mas é bom saber que não era essa a
intenção, algo que a mensagem clara do Hélio trouxe.
Respondendo ainda ao email original:
>>E' necessario organizar e dividir o trabalho dentre os colaboradores,
>>e de uma certa forma poder ter acesso `a informacao como: quantos
>>pacotes sem traducao/revisao? quem? quando?
Essas informações estão bem mastigadas em:
http://l10n.kde.org/stats/gui/trunk-kde4/pt_BR/index.php
Voltando à discussão principal, na verdade, esse processo de tentativa
de centralização é algo que ocorre de maneira cíclica no projeto. Alguns
módulos, como o kdegames, passaram por momentos onde uma ou duas pessoas
"centralizavam" demais o processo, filtrando contribuições, ditando
muitas regras. Historicamente, isso levou à lenta estagnação do módulo,
que foi o que aconteceu durante parte do release 3.x, e levou quase à
dissolução do time. Há mais ou menos um ano e meio começamos a quebrar
isso, e o resultado foi uma melhora sensível na qualidade e no número de
colaboradores.
Tenho a impressão, não sei se o Og pode confirmar, pois ele é uma figura
bem conhecida e respeitada na comunidade Gnome, que a composição dos
projetos é bem diferente. No KDE vejo que 80% dos colaboradores ativos
são voluntários, ou seja, não são pagos por uma empresa para trabalhar
no KDE. No Gnome, acho que é mais ou menos o contrário. Corresponde, Og?
Isso talvez explique os diferentes métodos de trabalho, ou talvez seja
apenas coincidência. Vejo por exemplo na lista do gnome-games que o
processo (mesmo de colaboração para desenvolvimento) é bem mais
centralizado, com basicamente uma pessoa que é responsável pelo módulo e
dirige em grande parte os rumos do projeto. Dependendo de como essa
pessoa trabalha em grupo (e principalmente se ela é financiada por uma
empresa para trabalhar no projeto full ou half time) isso pode funcionar
bem, como os releases do Gnome mostram. Mas cada projeto tem as suas
particularidades, e a sua comunidade. Sinto que o projeto KDE trabalha
melhor com uma estrutura mais descentralizada e menos hierarquizada.
Naturalmente (e dependendo da atividade) aparecem líderes naturais para
cada módulo, e estes vêm e vão, de acordo com a sua disponibilidade de
tempo e contribuições. Não chega a ser "formalizada" essa liderança na
forma de um título ou status que impeça ou filtre contribuições: é um
estado passageiro que nasce da própria dinâmica de cada módulo. Acho que
esse processo é resultado direto da máxima do KDE: "aquele que faz o
trabalho decide".
No entanto, não acho que temos que ser radicais. Existem diversas
organizações a serem tentadas, na minha opinião. Conversando com o
Diniz, o Fernando e o Stephen, percebi que podemos achar no caso do
pt_BR algumas soluções intermediárias, desde que preservando a liberdade
de contribuição. Um exemplo: algumas pessoas não se sentem à vontade com
SVN, ou precisam de ajuda no início, ou querem contribuir muito
esporadicamente. Para isso, acho interessante a figura de pessoas que se
disponham a receber essas contribuições, revisar, corrigir e fazer o
commit. Isso, é lógico, sem impedir aqueles que queiram contribuir
diretamente, e venham demonstrando habilidade para isso.
Quanto aos "donos de módulos", acho que é algo a se lidar da mesma
maneira que lidamos com os mantenedores de aplicações. É aquela pessoa
que tem interesse naquele módulo, e trabalha bastante com ele. Mas não
significa que contribuições de outros não sejam bem-vindas, muito pelo
contrário. Em um ano e meio de projeto eu já assumi e passei adiante o
cargo de "mantenedor" de diversos aplicativos, assim que alguém se
interessava e se mostrava mais ativo do que eu naquele momento para
assumir a função. Acho que temos que exercer esse desprendimento, o que
é bem fácil já que por natureza estamos trabalhando em algo que tem que
ser livre, e portanto sem donos :)
Está ficando longo, mas acho que é uma discussão interessante, e acho
que o Og pode trazer um olhar externo que é benéfico para o nosso
esforço, de uma maneira ou de outra.
Abraço,
Mauricio Piacentini
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